Cantigas populares de terras de Arga e Lima
"Olha a triste viuvinha”
Olha a triste viuvinha,
Que anda na roda a chorar,
Olha a triste viuvinha,
Que anda na roda a chorar!
Anda a ver se encontra noivo,
Para com ela casar.
Anda a ver se encontra noivo,
Para com ela casar.
Já lá leva dois cabaços,
Três ou quatro há-de levar
É bem feito, é bem feito
Não achar com quem casar
Casadinha há três dias,
Ela ali vai a chorar
Pela vida de solteira:
Não a torna a encontrar.
Recolha de Bárbara Margarida Costa Soares – 3.º ano
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A caminho de Viseu”
Indo eu, indo eu,
A caminho de Viseu
Indo eu, indo eu,
A caminho de Viseu
Encontrei o meu amor,
Ai Jesus que lá vou eu!
Encontrei o meu amor,
Ai Jesus que lá vou eu!
Ora zus, trus, trus!
Ora zás, trás, trás!
Ora zus, trus, trus!
Ora zás, trás, trás!
Ora chega, chega, chega.
Ora arreda lá para trás!
Ora chega, chega, chega.
Ora arreda lá para trás!
Recolha de Bárbara Margarida Costa Soares – 3.º ano
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A saia da Carolina
A saia da Carolina
Tem um lagarto pintado
Sim Carolina ó, i, ó ai
Sim Carolina ó, ai meu bem
Tem cuidado ó Carolina
Que o lagarto dá ao rabo
Sim Carolina ó, i, ó ai
Sim Carolina ó, ai meu bem
A saia da Carolina
Não tem prega nem botão
Tem cautela, ó Carolina
Não te caia a saia ao chão
A saia da Carolina
Tem uma barra encarnada
Tem cuidado, ó Carolina
Não fique a saia rasgada
A saia da carolina
É da mais fina cambraia
Tem cautela ó Carolina
Que o lagarto leva-te a saia
A saia da Carolina
Foi lavada com sabão
Tem cuidado, ó Carolina
Não lhe deixes por a mão
A saia da carolina
É curta e das modernas
Tem cuidado ó Carolina
Que ela não te tape as pernas
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Oh Rosa arredonda a saia
Oh Rosa arredonda bem
Que te importa a minha saia
E a roda que ela tem?
Comprei-a, paguei-a ao dono
E não devo nada a ninguém.
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Dança do Saracu
- Ó comadre.
- Senhor.
- Vai à feira?
- Vou, sim senhor.
- E que me traz de lá?
- Um pucarinho sem cu.
- Então vamos lá dançar o saracu.
- Vamos lá.
Ó saracu, saracu, saracu,
Ó saracu do có-có-ró-có,
Ó saracu do meu avô,
Ó saracu da minha avó.
O velho, que é velho,
Da perna quebrada,
Sempre se encontra
Nesta embaixada.
Tem o pé leve
Assim como eu,
Dá meia volta
Assim a dou eu.
Ai Jesus que triste vida,
Tão velhinha, inda solteira,
Vem cá tu ó meu amor,
Vem aqui p’ra minha beira.
Uma velha, muito velha,
Mais velha que o meu chapéu,
Falaram-lhe em casamento
Ergueu as mãos para o céu.
Cantigas do Rancho Regional de Lanheses (1950)