Poesia de Arga e Lima
Poesia
“Lanheses”
Doce terra onde eu nasci e brinquei,
Doce terra onde eu vivi e amei,
Ó minha terra idolatrada,
Eu sou a tua amada!
Minha terra, quem me dera amar-te,
Minha terra, quem me dera a arte
De te cantar em loucos versos
De amor e sonho imersos.
Lanheses,
Canteiro que o Lima
Meigamente anima,
Loucamente estima.
Ó terra dos cantarinhos
Dos pucarinhos
Dos fornos de cozer telha
Moderna ou velha.
Lanheses,
Do barro a donzela,
Quem se chega a ela
Fica preso nela.
Lanheses,
Das feiras primor,
Onde as noivas mercam
Prendas só de amor.
Meu jardim do Lima encantado,
Meu jardim do Lima sempre em flor,
Terra adorada de meus pais,
Não posso amar-te mais!
Noiva sempre noiva e sempre amada,
Noiva sempre noiva e perfumada,
Ó Vila Nova de Lanheses!
Quero-te sem reveses!
Lanheses,
Canteiro que o Lima
Meigamente anima,
Loucamente estima.
Ó terra dos cantarinhos
Dos pucarinhos
Dos fornos de cozer telha
Moderna ou velha.
Lanheses,
Do barro a donzela,
Quem se chega a ela
Fica preso nela.
Lanheses,
Das feiras primor,
Onde as noivas mercam
Prendas só de amor.
In Revista histórico-etnográfica “Lanheses” : 1942
“Barqueiros do Lima”
Barqueiros do Lima,
O vento enfunando as velas,
Nossos barcos são navios,
Caravelas,
Caravelas,
Nossos barcos são navios,
Lindas caravelas.
O Rio Lima
Está todo assoreado,
Cheio de areia
Ao Sol doirado.
As caminhetas
Também fazem concorrência
Ao barqueirinho
Em decadência.
Ó margens do Rio Lima
Desvario de Paixões,
Já não podeis distrair
Corações,
Corações
Já não podeis distrair
Nossos corações.
O Rio Lima
Está todo assoreado,
Cheio de areia
Ao Sol doirado.
As caminhetas
Também fazem concorrência
Ao barqueirinho
Em decadência.
In Revista histórico-etnográfica “Lanheses” : 1942
“Pelourinho da Feira”
Exilado entre as árvores do Paço,
Pelourinho da Feira desterrado,
Eu sou a Vila Nova de Lanheses,
Eu sou a sua glória do Passado.
Porque assim me expulsaste, ó Lanheses,
Porque assim me exilaste ingloriamente,
Pelourinho da Feira abandonado,
Do Largo onde eu vivera eternamente?!
Minha Lanheses
Sem igual:
Penso às vezes
Que me quer’s mal.
Mas, eu por ti,
Vivo sempre em doce amor,
Pois não esqueci
Teu passado encantador.
Minha adorada
Sem igual,
Quebra-me a fada
Deste meu mal:
Leva-me, sim?
Para o meu Largo da Feira,
Serei ali a tua glória primeira.
Pelourinho da Feira destronado,
Represento da Vila suas Justiças,
À minha sombra se julgaram réus,
Do Bom, do Mau Ladrão torpes cobiças.
Estava eu entre a Câmara e a Cadeia,
Nesse lugar de velha adoração…
A Câmara e Cadeia demoliram,
Exilaram-me a mim sem compaixão!...
Minha Lanheses
Sem igual,
Penso às vezes
Que me quereis mal…
In Revista histórico-etnográfica “Lanheses” : 1943
Santa Eulália de Lanheses,
Mandai a pomba voar,
A ver se descobre onde
O P’lourinho foi parar.
No lugar do Pelourinho
Um fontanário foi c’locado,
Onde o povo de Lanheses
Dá de beber ao seu gado.
Manuel Carvalho
Ó Lanheses, ó Lanheses,
Ó Lanheses lameirento;
Com as moças de Lanheses
Não perco eu o Meu tempo…
Mas…”quem desdenha quer comprar”
Gabriel Gonçalves
Canção “Torre da minha igreja”
Ó torre da minha Igreja
Aguçadinha p’ra o céu,
Ninguém há que não te veja
Que te não tire o chapéu?
Ao doce som dos teus sinos,
Rezo sempre uma oração;
No meio dos mesmos sinos,
Também recebi a prima comunhão.
Dim, dim; dim , dim, dão,
Co vida a rezar
As Ave-Marias
Antes de deitar.
Dim, dim; dim , dim, dim;
Dim, dim; dim , dim, dão;
São festas, noivados,
Flores e baptizados.
Minha torre, sobre o outeiro,
És o guia desta terra,
És o farol altaneiro
Que de longe se descerra.
Viajantes da Costa S’Arga,
De São Pedro de Fontão,
De Geraz , da Facha larga,
De Deocriste, em ti descobrem seu guião.
Dim, dim; dim , dim, dim;
Dim, dim; dim , dim, dão;
Minha torre tão branquinha,
Não me canso de olhar…
És a noiva adoradinha
Da gente que sabe amar.
Quando o sino bate as horas,
Bate-as no meu coração.
- Meu amor, porque demoras?
Vem depressa, não te esqueças que horas são.
Dim, dim; dim , dim, dim;
Dim, dim; dim , dim, dão;
In Revista histórico-etnográfica “Lanheses” : 1944