Poesia de Arga e Lima

04-06-2021 12:11

Poesia

“Lanheses”

Doce terra onde eu nasci e brinquei,

Doce terra onde eu vivi e amei,

Ó minha terra idolatrada,

Eu sou a tua amada!

 

Minha terra, quem me dera amar-te,

Minha terra, quem me dera a arte

De te cantar em loucos versos

De amor e sonho imersos.

 

Lanheses,

Canteiro que o Lima

Meigamente anima,

Loucamente estima.

 

Ó terra dos cantarinhos

Dos pucarinhos

Dos fornos de cozer telha

Moderna ou velha.

 

Lanheses,

Do barro a donzela,

Quem se chega a ela

Fica preso nela.

 

Lanheses,

Das feiras primor,

Onde as noivas mercam

Prendas só de amor.

 

Meu jardim do Lima encantado,

Meu jardim do Lima sempre em flor,

Terra adorada de meus pais,

Não posso amar-te mais!

 

Noiva sempre noiva e sempre amada,

Noiva sempre noiva e perfumada,

Ó Vila Nova de Lanheses!

Quero-te sem reveses!

 

Lanheses,

Canteiro que o Lima

Meigamente anima,

Loucamente estima.

 

Ó terra dos cantarinhos

Dos pucarinhos

Dos fornos de cozer telha

Moderna ou velha.

 

Lanheses,

Do barro a donzela,

Quem se chega a ela

Fica preso nela.

 

Lanheses,

Das feiras primor,

Onde as noivas mercam

Prendas só de amor.

 

In Revista histórico-etnográfica “Lanheses” : 1942

 

“Barqueiros do Lima”

Barqueiros do Lima,

O vento enfunando as velas,

Nossos barcos são navios,

Caravelas,

Caravelas,

Nossos barcos são navios,

Lindas caravelas.

 

O Rio Lima

Está todo assoreado,

Cheio de areia

Ao Sol doirado.

As caminhetas

Também fazem concorrência

Ao barqueirinho

Em decadência.

 

Ó margens do Rio Lima

Desvario de Paixões,

Já não podeis distrair

Corações,

Corações

Já não podeis distrair

Nossos corações.

 

O Rio Lima

Está todo assoreado,

Cheio de areia

Ao Sol doirado.

As caminhetas

Também fazem concorrência

Ao barqueirinho

Em decadência.

 

In Revista histórico-etnográfica “Lanheses” : 1942

 

“Pelourinho da Feira”

Exilado entre as árvores do Paço,

Pelourinho da Feira desterrado,

Eu sou a Vila Nova de Lanheses,

Eu sou a sua glória do Passado.

 

Porque assim me expulsaste, ó Lanheses,

Porque assim me exilaste ingloriamente,

Pelourinho da Feira abandonado,

Do Largo onde eu vivera eternamente?!

 

Minha Lanheses

Sem igual:

Penso às vezes

Que me quer’s mal.

Mas, eu por ti,

Vivo sempre em doce amor,

Pois não esqueci

Teu passado encantador.

 

Minha adorada

Sem igual,

Quebra-me a fada

Deste meu mal:

Leva-me, sim?

Para o meu Largo da Feira,

Serei ali a tua glória primeira.

 

Pelourinho da Feira destronado,

Represento da Vila suas Justiças,

À minha sombra se julgaram réus,

Do Bom, do Mau Ladrão torpes cobiças.

 

Estava eu entre a Câmara e a Cadeia,

Nesse lugar de velha adoração…

A Câmara e Cadeia demoliram,

Exilaram-me a mim sem compaixão!...

 

Minha Lanheses

Sem igual,

Penso às vezes

Que me quereis mal…

 

In Revista histórico-etnográfica “Lanheses” : 1943

 

Santa Eulália de Lanheses,

Mandai a pomba voar,

A ver se descobre onde

O P’lourinho foi parar.

 

No lugar do Pelourinho

Um fontanário foi c’locado,

Onde o povo de Lanheses

Dá de beber ao seu gado.

 

Manuel Carvalho

 

Ó Lanheses, ó Lanheses,

Ó Lanheses lameirento;

Com as moças de Lanheses

Não perco eu o Meu tempo…

 

Mas…”quem desdenha quer comprar”

 

Gabriel Gonçalves

 

 

Canção “Torre da minha igreja”

Ó torre da minha Igreja

Aguçadinha p’ra o céu,

Ninguém há que não te veja

Que te não tire o chapéu?

 

Ao doce som dos teus sinos,

Rezo sempre uma oração;

No meio dos mesmos sinos,

Também recebi a prima comunhão.

 

Dim, dim; dim , dim, dão,

Co vida a rezar

As Ave-Marias

Antes de deitar.

 

Dim, dim; dim , dim, dim;

Dim, dim; dim , dim, dão;

São festas, noivados,

Flores e baptizados.

 

Minha torre, sobre o outeiro,

És o guia desta terra,

És o farol altaneiro

Que de longe se descerra.

 

Viajantes da Costa S’Arga,

De São Pedro de Fontão,

De Geraz , da Facha larga,

De Deocriste, em ti descobrem seu guião.

 

Dim, dim; dim , dim, dim;

Dim, dim; dim , dim, dão;

 

Minha torre tão branquinha,

Não me canso de olhar…

És a noiva adoradinha

Da gente que sabe amar.

 

Quando o sino bate as horas,

Bate-as no meu coração.

- Meu amor, porque demoras?

Vem depressa, não te esqueças que horas são.

 

Dim, dim; dim , dim, dim;

Dim, dim; dim , dim, dão;

 

In Revista histórico-etnográfica “Lanheses” : 1944