Recolha de quadras (encontro intergeracional)
Pedrinha desta calçada
Levantai-vos e dizei
Quem vos passeia de noite
Que eu de dia bem lo sei
No alto daquela serra
Está um sobreiro ao sobreiro ao vento
Muito enganado anda
Quem comigo perde tempo
Tenho dentro do meu peito
Uma laranja partida
Para dar ao meu amor
Que anda de beiça caída
Tenho dentro do meu peito
Duas escamas de peixe
Uma diz-me que te amo
Outra diz-me que te deixe
Ando triste como a noite
Nada do mundo me alegra
Alegra o meu amor
Se ele por aí viera
Chamaste-me moreninha
Isto é do pó da eira
Ádes - me ver ao domingo
Como a rosa na roseira
( recolha de Diogo Miguel Gonçalves Pereira – 2.º ano)
Abaixa—te , ó serra de Arga
Que eu quero ver São Lourenço
Quero ver o meu amor
Que me está àcenar com o lenço
No alto da serra d´Arga
'stá um sobreiro ao sobreiro ao vento
Muito enganado anda
Quem comigo perde tempo
Ó meu rico São João
Onde te foram pôr
No meio da Serra d’Arga
Com sobreiros ao redor
Agora no S. João
É o tomar dos amores
Estão lindos os campos
Toda a terra tem flores
Amanhã é dia santo
Dia de m’eu assear
Para ver o meu amor
No adro a passear
A água do rio bate
Bate toda em cachão
Assim batem as penas
Que trago no coração
A água do rio Lima
Foge que desaparece
Quem dá falas a estranhos
O seu castigo merece
Á água do rio Lima
Foge que desaparece
Quem eu quero não me quer
Quem me quer, não me merece
A cantar ganhei dinheiro
A dançar se me acabou
Foi dinheiro tão mal ganho
Água o deu , água o levou.
( recolha num encontro intergeracional com idosos do CPS de Fontão e Deão)
Adeus terras de Lanheses
As costas te vou virando
A boca cheia de riso
O olhos d'água nandando
Adeus terras de Vilar
Adeus estrela do norte
Vou embarcar pr'ó Brasil
Vou procurar melhor sorte
Amor com amor se paga
Com que me pagas amor
Olha que Deus não perdoa
A quem é mau pagador
Daqui para a minha terra
Tudo é caminho Chão
Tudo são cravos e rosas
Plantadas por minha mão
Se eu tivesse não pedia
Coisa nenhuma a ninguém
Como não tenho eu peço
Um amor a quem dois tem.
Pedrinhas desta calçada
Levantai-vos e dizei
Quem vos passeia de noite
Qu'eu de dia bem no sei.
A folha do castanheiro
É recortada na ponta
Quem eu quero não me quer
Quem me quer não me faz conta
Debaixo da oliveira
Não se pode namorar
Tem a folha miudinha
Deixa passar o luar.
Namorados falai baixo
Que as paredes têm ouvidos
Os segredos encobertos
São os que são mais sabidos.
As estrelas miudinhas
Fazem o céu bem composto
Assim são esses teus olhos
Na f'lor desse teu rosto
Tenho um amor em Viana
Outro em Ponte do Lima
Tenho outro em Ponte da Barca
e 'Inda outro mais acima
Hei-de cantar, hei-de rir
Hei-de ser muito alegre
hei-de mandar a tristeza
pr'ó diabo que a leve
Cantai raparigas todas
Que é brio da mocidade
Já que as casadas não cantam
Não tem essa liberdade.
Quero cantar , ser alegre
Que a tristeza não faz bem
Eu nunca vi a tristeza
Dar de comer a ninguém
Adeus que me vou embora
Adeus que me embora vou
Vou daqui p'ra minha terra
Que eu desta terra não sou
Barqueiro, deita cá a barca
Que eu quero passar além
Eu sou vendedor de amores
Levo cartas ao meu bem.
Eu hei-de ir à romaria
Do senhor S. João d'Arga
A romaria é boa
O caminho é que amarga
A igreja de Lanheses
'Sta caiada até ao chão
Por causa das raparaigas
E dos moços que lá vão.
São João d'Arga e Cerquido
Não os há no mundo todo
Tem para os defender
A raposa mais o lobo
Adeus ó lugar da feira
Onde canta a bela aurora
E onde se espera o correio
Do mei dia até uma hora
Minha terra é Meixedo
Não a posso negar não
Cá me ficam os meus ossos
E também meu coração
Hei-de fazer uma barquinho
Duma casca de tantagem
P'ra passar os meus amores
De lanheses pr'á Passagem
Ó mocinhas de Vilar
Apertai esse colete
Olhai para a sde lanheses
Parecem uns ramalhetes
Abaixa-te ó Serra d'Arga
Qu'eu quero ver o cerquido
Quero ver o meu amor
que não me sai do sentido
As mocinhas de Lanheses
Não sabem fiar a estopa
Andam metidas nas vendas
A ver s’as malgas têm sopa
As estrelas do céu correm
Todos dizem vem n'as vi
Todos falam e murmuram
Ninguém olha para si
Ó luar da meia noite
Alumia cá p'ra baixo
Eu perdi o meu amor
às escuras não n'o acho
Eu quero casar este ano
Que pró ano casa tudo
Este ano casa a gente
Pró ano casa o refugo.
Coração de velho é frio
Nele não entra a paixão
è como um pombal vazio
Onde os pombos lá não vão.
Freguesia de Lanheses
Terr dos altos valados
Freguesia de Lanheses
Dos rapazes alentados
Digo adeus à Serra d'Arga
Digo adeus ao S. Lourenço
Não te digo adeus a ti
Porque sabes o que eu penso
Ó Micas deixaste ir
O passarinho À rede
Agora po~e-te a chorar
Viradinha para a parede.
Ó micas tu já namoras
Teu pai não há-de gostar
Namoro hei-de namorar
Só solteirinha , quero casar.
O meu amor não é aquele
C'o meu amor não traz chapéu
Tem um andar miudinho
Como as estrelas no céu.
O meu amor não é aquele
Q'eu no andar o conheço
Tem um anadra miudinho
Como a folha do codeço.
S'eu tivesse não pedia
Coisa nenhuma a ninguém
Como não tenho eu peço
Um amor a quem dois tem.