Recolha de quadras (encontro intergeracional)

21-06-2017 22:52

Pedrinha desta calçada

Levantai-vos e dizei

Quem vos passeia de noite

Que eu de dia bem lo sei

 

No alto daquela serra

Está um sobreiro ao sobreiro ao vento

Muito enganado anda

Quem comigo perde tempo

 

Tenho dentro do meu peito

Uma laranja partida

Para dar ao meu amor

Que anda de beiça caída

 

Tenho dentro do meu peito

Duas escamas de peixe

Uma diz-me que te amo

Outra diz-me que te deixe

 

Ando triste como a noite

Nada do mundo me alegra

Alegra o meu amor

Se ele por aí viera

 

Chamaste-me moreninha

Isto é do pó da eira

Ádes - me ver ao domingo

Como a rosa na roseira

 

( recolha de Diogo Miguel Gonçalves Pereira – 2.º ano)

 

Abaixa—te , ó serra de Arga

Que eu quero ver São Lourenço

Quero ver o meu amor

Que me  está àcenar com o lenço

 

No alto da serra d´Arga

'stá um sobreiro ao sobreiro ao vento

Muito enganado anda

Quem comigo perde tempo

 

Ó meu rico São João

Onde te foram pôr

No meio da Serra d’Arga

Com sobreiros ao redor

 

Agora no S. João

É o tomar dos amores

Estão lindos os campos

Toda a terra tem flores

 

Amanhã é dia santo

Dia de m’eu assear

Para ver o meu amor

No adro a passear

 

A água do rio bate

Bate toda em cachão

Assim batem as penas

Que trago no coração

 

A água do rio Lima

Foge que desaparece

Quem dá falas a estranhos

O seu castigo merece

 

Á água do rio Lima

Foge que desaparece

Quem eu quero não me quer

Quem me quer, não me merece

 

A cantar ganhei dinheiro

A dançar se me acabou

Foi dinheiro tão mal ganho

Água o deu , água o levou.

 

( recolha num encontro intergeracional com idosos do CPS de Fontão e Deão)

 

Adeus terras de Lanheses

As costas te vou virando

A boca cheia de riso

O olhos d'água nandando

 

Adeus terras de Vilar

Adeus estrela do norte

Vou embarcar pr'ó Brasil

Vou procurar melhor sorte

 

Amor com amor se paga

Com que me pagas amor

Olha que Deus não perdoa 

A quem é mau pagador

 

Daqui para a minha terra 

Tudo é caminho Chão

Tudo são cravos e rosas

Plantadas por minha mão

 

Se eu tivesse não pedia

Coisa nenhuma a ninguém

Como não tenho eu peço

Um amor a quem dois tem.

 

Pedrinhas desta calçada

Levantai-vos e dizei

Quem vos passeia de noite

Qu'eu de dia bem no sei.

 

A folha do castanheiro

É recortada na ponta

Quem eu quero não me quer

Quem me quer não me faz conta

 

Debaixo da oliveira

Não se pode namorar

Tem a folha miudinha 

Deixa passar o luar.

 

Namorados falai baixo

Que as paredes têm ouvidos

Os segredos encobertos

São os que são mais sabidos.

 

As estrelas miudinhas 

Fazem o céu bem composto

Assim são esses teus olhos

Na f'lor desse teu rosto

 

Tenho um amor em Viana

Outro em Ponte do Lima

Tenho outro em Ponte da Barca 

e 'Inda outro mais acima

 

Hei-de cantar, hei-de rir

Hei-de ser muito alegre

hei-de mandar a tristeza

pr'ó diabo que a leve

 

Cantai raparigas todas

Que é brio da mocidade

Já que as casadas não cantam

Não tem essa liberdade.

 

Quero cantar , ser alegre

Que a tristeza não faz bem

Eu nunca vi a tristeza

Dar de comer a ninguém

 

Adeus que me vou embora

Adeus que me embora vou

Vou daqui p'ra minha terra

Que eu desta terra não sou

 

Barqueiro, deita cá  a barca

Que eu quero passar além

Eu sou vendedor de amores

Levo cartas ao meu bem.

 

Eu hei-de ir à romaria

Do senhor S. João d'Arga

A romaria é boa

O caminho é que amarga

 

A igreja de Lanheses

'Sta caiada até ao chão

Por causa das raparaigas 

E dos moços que lá vão.

 

São João d'Arga e Cerquido 

Não os há no mundo todo

Tem para os defender

A raposa mais o lobo

 

 

Adeus ó lugar da feira

Onde canta a bela aurora

E onde se espera o correio

Do mei dia até uma hora

 

Minha terra é Meixedo

Não a posso negar não

Cá me ficam os meus ossos

E também meu coração

 

Hei-de fazer uma barquinho

Duma casca de tantagem

P'ra passar os meus amores

De lanheses pr'á Passagem

 

Ó mocinhas de Vilar

Apertai esse colete

Olhai para a sde lanheses

Parecem uns ramalhetes

 

Abaixa-te ó Serra d'Arga

Qu'eu quero ver o cerquido

Quero ver o meu amor

que não me sai do sentido

 

As mocinhas de Lanheses

Não sabem fiar a estopa

Andam metidas nas vendas

A ver s’as malgas têm sopa

As estrelas do céu correm

Todos dizem vem n'as vi

Todos falam e murmuram

Ninguém olha para si

 

Ó luar da meia noite 

Alumia cá p'ra baixo

Eu perdi o meu amor

às escuras não n'o acho

 

Eu quero casar este ano

Que pró ano casa tudo

Este ano casa a gente

Pró ano casa o refugo.

 

Coração de velho é frio

Nele não entra a paixão

è como um pombal vazio

Onde os pombos lá não vão.

 

Freguesia de Lanheses

Terr dos altos valados

Freguesia de Lanheses

Dos rapazes alentados 

 

Digo adeus à Serra d'Arga

Digo adeus ao S. Lourenço

Não te digo adeus a ti

Porque sabes o que eu penso

 

Ó Micas deixaste ir

O passarinho À rede

Agora po~e-te a chorar

Viradinha para a parede.

 

Ó micas tu já namoras

Teu pai não há-de gostar

Namoro hei-de namorar

Só solteirinha , quero casar.

 

O meu amor não é aquele

C'o meu amor não traz chapéu

Tem um andar miudinho

Como as estrelas no céu.

 

O meu amor não é aquele

Q'eu no andar o conheço

Tem um anadra miudinho

Como a folha do codeço.

 

S'eu tivesse não pedia

Coisa nenhuma a ninguém

Como não tenho eu peço

Um amor a quem dois tem.